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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Eu também não sou Charlie.

Desde o último ataque em Paris, à revista Charlie Hebdo que dizimou a redação do famoso Jornal satírico francês, não se ouve falar em outra coisa, seja na mídia, nas redes sociais, no trabalho, nas reuniões de amigos e familiares,  aonde quer que se vá.
As pessoas automaticamente assumem uma posição em favor das vítimas, é claro, pois ninguém pode admitir o fim trágico dado a essas pessoas que ali estavam.
Um jornal de grande circulação aqui do Estado de Pernambuco,  publicou uma manchete em sua primeira página, destacando uma frase de Voltaire que diz: " Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo".
Voltaire, francês, iluminista, defendia a liberdade.No caso, a defesa da liberdade de expressão. E assim, entendo que as pessoas podem dizer o que quiserem, mas tem que ser fortes o suficiente para enfrentar as consequencias do que dizem.
Existe um ditado popular que reza: "quem diz o que quer, ouve o que não quer". Isso porque muitas vezes as pessoas querem ter a liberdade e se sentem no direito de ofender, mas não querem ser ofendidos.
Não quero, com esse pensamento dizer que sou a favor da barbaridade realizada na redação do Jornal Charlie Hebdo, de forma alguma! Fiquei, assim como o mundo inteiro, amedrontada e horrorizada. Porém, não concordo com charges desmerecendo um povo ou a religião de ninguém. Seja quem for. Tenho grandes amigos judeus, como também árabes e iranianos. Tive a oportunidade de conhecer e fazer amizades com mulçumanos da Arábia Saudita e da Turquia enquanto morei no Canadá. Conversávamos muito, principalmente sobre a situação da mulher e eu sempre defendi e continuo defendendo que não posso concordar com o tratamento tão desigual de subjugação sob o qual vivem as mulheres daquele povo. Mas ainda assim éramos amigos. Nunca fui ofendida, nem nunca tomei a liberdade de ofender ninguém, mesmo defendendo o meu ponto de vista.
Quando um pastor evangélico chutou uma imagem de Nossa Senhora na TV há uns anos atrás, chorei e me lembro que passei um bom período desconfiada de todos os evangélicos. Graças a Deus isso passou. Quando assisti a um facilitador de estudo espírita fazer piada com os Santos Católicos, me levantei e o repreendi e me retirei, pois ele estava faltando com respeito a mim, que sou de formação metade espírita (por pai) e metade católica( por mãe) e aos católicos presentes. Ninguém tem o direito de diminuir, ou fazer piada com a fé de ninguém. Ainda que não comungue da mesma crença.
Mais uma vez, repito, não sou a favor dos extremistas mulçumanos, não acredito que a resposta às ofensas que receberam pelas charges do Jornal Charlie Hebdo deveria ter sido realizada da forma como aconteceu, com violência e barbaridade, mas acredito sim, que a toda ação corresponde uma reação, que nem sempre é a que se espera.
Pode-se até defender o direito à liberdade de expressão, mas sabendo que o meu direito termina onde começa o do outro.
Por isso, eu também não sou Charlie.